Por J.P. Gouvêa
Muitas pessoas demoram a estudar o livro do Apocalipse por receio de uma hermenêutica (interpretação) equivocada. A natureza de um texto apocalíptico pode realmente trazer algumas dificuldades de interpretação. As muitas visões não devem ganhar contornos e interpretações literais, pois este tipo de literatura revela realidades celestiais e espirituais a partir de simbologias, elementos cotidianos e convencionais.
Partindo do pressuposto de que o livro pode ter sido escrito durante o reinado de Domiciano (81 – 96 d.C.), período em que o Império Romano expandiu seus territórios, que aconteceu desde o seu apogeu em 27 a.C. até 117 d.C., com cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados e mais de 50 milhões de pessoas sob seu domínio. Apenas em Roma vivia por volta de um milhão de pessoas.
Neste período, sob reinado de Nero, reconhecido por alguns sob o signo 666 (Ap.13.8) devido ao valor numérico das letras hebraicas de seu nome, também se inicia uma prática de culto e de adoração ao imperador, prática criticada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios, capítulos 10 e 11. Assim, a vida prática e cotidiana dos cristãos que, obviamente, se recusavam a adorar o imperador, se tornou bastante sombria e ameaçadora. Alguns defendem que este livro é fonte de motivação e encorajamento aos cristãos perseguidos e martirizados pelo império.
Muitas interpretações ainda são sugeridas (idealista, preterista, historicista e futurista), porém uma boa visão é saber que em todas elas existem pontos de muito valor para um entendimento equilibrado sobre este livro. Neste pequeno artigo minha intenção é apenas levantar 5 pontos importantes que podemos aprender a partir do estudo do Apocalipse.
1º Somente Deus é digno de receber glória, honra e poder. No capítulo 4.1-11 vemos Deus assentado em seu trono sendo adorado pelos seres viventes que diziam sem cessar: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir. Somente Ele é digno de nossa adoração.
2º A vitória de Cristo e da igreja sobre as hostes satânicas é certa e garantida. Em 17.14 vemos que a besta e seus exércitos combaterão com o Cristo vitorioso, que é chamado Reis dos reis e Senhor dos senhores e que os eleitos e fiéis que estão com ele também vencerão por Sua força e poder.
3º Muitas vezes as coisas não são como parecem ser. Apesar da perseguição aguda do império, do martírio dos fiéis, da sensação de demora na resposta de Deus diante de tanta dor e sofrimento, podemos ter a certeza de que não vivemos pelo que vemos, mas pelo que cremos e experimentamos do amor de Deus.
4º A igreja perseguida e martirizada é a igreja vencedora pelo poder de seu Senhor. Por isso, não desanimamos diante das dificuldades, mas seguimos combatendo a boa batalha e vencendo de fé em fé, até a sua volta.
5º O autor nunca perde a Cruz de vista. Aqui somos em todos os momentos lembrados que o Cavaleiro Poderoso, o Cristo Vitorioso, é o mesmo “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (13.8). Isso nos mostra que tudo o que Cristo faz para a conclusão de sua vitória com a igreja tem início em sua crucificação, morte e ressurreição pelo poder de Deus. Pois, como afirma João em seu evangelho 1.3, “todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele nada do que foi feito existiria.”
Concluímos, diante destas poderosas lições no livro do Apocalipse, que as palavras do apóstolo Paulo em Romanos 6.5 se fazem ainda mais valiosas para nós: “se fomos unidos a Ele na semelhança de sua morte, certamente também o seremos na semelhança de sua ressurreição.” Então sigamos em frente na certeza de que encontraremos vitória em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador!
João Paulo Gouvêa é apresentador dos programas “Nos Caminhos da Fé”, “Painel Literário” e “De Pai pra Filha”, da RTM Brasil, e pastor na Igreja Batista Chácara Flora, em São Paulo (SP)
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