Nesta Quarta-feira de Cinzas, tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. A tradição é seguida por católicos e algumas denominações cristãs, sendo um tempo de jejum, penitência e reflexão sobre o sacrifício de Jesus. No entanto, os evangélicos, de maneira geral, não adotam essa prática.
A Quaresma tem origem na Igreja Católica e está ligada ao relato bíblico dos 40 dias que Jesus passou no deserto, jejuando e enfrentando tentações. A contagem começa na Quarta-feira de Cinzas e se encerra no Domingo de Páscoa. Durante esse tempo, fiéis costumam se dedicar à oração, ao arrependimento e a algumas renúncias, como evitar carne vermelha ou deixar de lado hábitos considerados prejudiciais.
Os evangélicos não celebram a Quaresma porque seguem a Bíblia como única regra de fé. Para eles, não há um mandamento claro que instrua os cristãos a observar esse período. Assim, entendem que essa tradição foi criada posteriormente pela Igreja Católica e não deve ser imposta como obrigação espiritual.
Além disso, muitas igrejas evangélicas enfatizam a ideia de que a fé cristã não deve estar baseada em ritos ou datas específicas. Para elas, a busca por Deus, o arrependimento e a reflexão sobre o sacrifício de Jesus devem acontecer o ano inteiro, e não apenas em um período determinado.
Outro ponto importante é a visão evangélica sobre a graça e a salvação. Diferente do conceito católico de penitência, que muitas vezes envolve práticas como jejuns e confissões, os evangélicos acreditam que a salvação é obtida exclusivamente pela fé em Jesus, sem necessidade de rituais ou sacrifícios humanos.
Há também um distanciamento histórico e teológico entre evangélicos e a Igreja Católica. Durante a Reforma Protestante, no século XVI, os reformadores rejeitaram diversas tradições que não tinham base bíblica explícita. Como a Quaresma não é mencionada como uma prática obrigatória nas Escrituras, ela foi deixada de lado pelas igrejas protestantes e, mais tarde, pelo movimento evangélico.
Isso não significa que os evangélicos sejam contrários ao jejum ou à reflexão sobre o significado da Páscoa. Muitas igrejas promovem períodos de oração e jejum em outras épocas do ano, de forma voluntária e sem a obrigação de seguir um calendário litúrgico. Alguns grupos evangélicos até adotam práticas semelhantes à Quaresma, mas sem o mesmo peso que a Igreja Católica dá a esse período.
Algumas denominações protestantes históricas, como luteranos, anglicanos e metodistas, mantêm uma forma adaptada da Quaresma, mas sem a rigidez das tradições católicas. No entanto, entre evangélicos pentecostais e neopentecostais, que formam a maioria dos protestantes no Brasil, a Quaresma é amplamente ignorada.
Para os evangélicos, a morte e a ressurreição de Cristo são centrais na fé, mas a preparação para a Páscoa não precisa seguir um período fixo de abstinência ou práticas religiosas específicas. A ênfase está em viver uma vida de comunhão com Deus diariamente, sem depender de ritos ou tradições religiosas.
Assim, a Quaresma segue como uma tradição importante para católicos e algumas igrejas cristãs, mas sem relevância para a maioria dos evangélicos. Eles creem que a vida cristã deve ser conduzida com santidade e dedicação constante, sem a necessidade de um tempo específico para se aproximar de Deus.
Redação
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