Pesquisas recentes indicam que as crianças têm uma inclinação natural para acreditar em uma força divina. O tema foi abordado em um artigo publicado neste mês pela revista Christianity Today, com base em estudos de cientistas da Universidade de Oxford e de instituições dos Estados Unidos.
O psicólogo Justin Barrett, especialista em desenvolvimento infantil, explica que os seres humanos nascem com a ideia de que há um propósito ou origem sobrenatural por trás das coisas. Para ele, essa predisposição não é resultado de influência religiosa, mas uma característica inata da mente humana.
Outro estudo, publicado pelo Centro Nacional de Informação Biotecnológica dos EUA, mostrou que crianças em idade pré-escolar tendem a ver fenômenos naturais como se tivessem sido criados com um propósito. Quando perguntadas por que existe a chuva, por exemplo, muitas respondem que as nuvens foram “feitas para chover”.
A psicóloga Deborah Kelemen chama esse comportamento de “teísmo intuitivo”. Segundo ela, até crianças criadas em lares ateus demonstram acreditar, de forma espontânea, na existência de uma presença divina que orienta o mundo.
O conceito dialoga com a antiga ideia teológica do sensus divinitatis, descrita por João Calvino, segundo a qual todo ser humano possui um “sentido de divindade”. Para o biólogo Dominic Johnson, o ateísmo, nesse contexto, é uma construção cultural que contraria a natureza humana.
O autor do artigo, Grifo Gooch, relata que viveu essa experiência pessoalmente: após rejeitar a fé na adolescência, voltou a crer aos 18 anos, descrevendo o processo como um “retorno à infância espiritual”.
Estudos complementares sugerem que mesmo adultos não religiosos, diante de grandes perdas ou acontecimentos inesperados, tendem a admitir que “tudo acontece por um motivo”. Para os pesquisadores, isso mostra que o senso de transcendência continua presente — ainda que seja expresso de formas diferentes.
No fim, Gooch conclui que as novas gerações não deixaram de sentir a presença de Deus, mas precisam redescobrir a fé com o mesmo olhar curioso e simples das crianças. As informações são do EvangelicoDigital.
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