Logo após o anúncio do cardeal americano Robert Francis Prevost como novo Papa, nesta quinta-feira (8), começaram a circular nas redes sociais mensagens que associam sua escolha ao capítulo 13 do livro do Apocalipse, na Bíblia. Usuários do X (antigo Twitter) mencionaram a “besta do Apocalipse” e o número 666.
O capítulo 13 do Apocalipse, escrito por João no século 1, fala de duas figuras simbólicas: uma besta que sai do mar com aparência de leopardo, pés de urso e boca de leão, e outra que surge da terra, associada ao poder religioso. É nesse trecho que aparece a famosa frase sobre o número da besta, 666.
Em entrevista ao portal G1, o pastor e professor Kenner Terra, doutor em ciências da religião, explicou que essas figuras foram usadas originalmente como uma crítica ao imperador romano Nero. João teria se inspirado em imagens do livro de Daniel para simbolizar o poder opressor da época.
Apesar disso, o texto tem sido reinterpretado ao longo da história. Desde a Reforma Protestante, há quem associe o Papa ao “anticristo” ou ao “falso profeta”. Em obras de ficção como Deixados Para Trás, os Estados Unidos também aparecem nesse cenário de fim dos tempos.
Com Prevost sendo americano e adotando o nome Leão XIV, conspiracionistas apontaram coincidências com a “boca de leão” mencionada em Apocalipse 13 e com o número do capítulo, o que ajudou a espalhar desinformação nas redes.
Kenner afirmou ao G1 que essas teorias são perigosas. “Elas conectam imagens soltas em uma narrativa aparentemente lógica, mas sem fundamento. São ideias alienadoras que espalham medo e distorcem o sentido do texto bíblico.”
Segundo o professor, o Apocalipse é um livro simbólico e não deve ser usado para prever fatos atuais. Seu objetivo era dar esperança aos cristãos perseguidos pelo Império Romano e mostrar que o mal não teria a última palavra.
Redação Exibir
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