Londres – Vivendo um período de relativa calmaria depois de uma crise causada pela onda de revelações sobre impacto negativo a jovens feitas por uma ex-funcionária em 2021, o Instagram volta às manchetes ao levar uma multa gigante na Irlanda, onde fica sua sede europeia.
Nesta segunda-feira (5), a Meta, holding da plataforma, foi condenada a pagar €405 milhões (R$ 2,1 bilhões) pela Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (DPC) por violação da legislação do bloco europeu em suas configurações de privacidade para crianças no Instagram.
Os motivos foram a exibição de telefones e endereços de e-email em contas comerciais de usuários entre 13 e 17 anos, e uma configuração padrão de conta pública automática para esta faixa etária. A Meta informou que os recursos não estão mais em vigor.
Multa por Instagram é a maior já recebida pela Meta na Europa
Resultado de uma investigação de dois anos, a multa é mais alta já aplicada à Meta, proprietária do Instagram, do Facebook e do WhatsApp, e a segunda maior a uma plataforma digital.
Em setembro do ano passado e em março deste ano a holding recebeu multas de €225 milhões (R$ 1,1 bilhão) e €17 milhões (R$ 87 milhões) por violações “graves” na proteção de dados de usuários do WhatsApp.
Em julho de 2021, a Amazon foi condenada a pagar € 746 milhões (R$ 3,8 bilhões).
O órgão regulador irlandês de proteção de dados é o responsável por fiscalizar as atividades das plataformas que mantém suas sedes europeias na Irlanda.
Em 2021, a Meta enfrentou uma tormenta que abalou seriamente sua imagem depois que a ex-gerente do Instagram Frances Haugen tornou públicas pesquisas internas da empresa demonstrando efeitos negativos sobre o estado emocional de jovens usuários em questões como imagem corporal e autoestima.
Haugen vazou apresentações de forma sigilosa a jornais americanos, e depois mostrou o rosto, sendo convidada a falar em comissões que investigam as plataformas digitais no Congresso americano, no Parlamento britânico e no europeu.
Diante do impacto negativo das revelações, a Meta acabou voltando atrás na introdução da criptografia de ponta a ponta no Messenger do Instagram, vista por autoridades e entidades de proteção a crianças como um risco.
Sem a possibilidade de identificar pessoas que assediam crianças online, a apuração desses crimes se torna quase impossível, segundo as organizações.
Ao jornal Político, a Meta informou que pretende apelar da multa do órgão regulador irlandês, afirmando que a investigação se concentrou em configurações antigas atualizadas há mais de um ano.
Segundo a empresa, desde então foram lançados recursos para manter os adolescentes seguros e suas informações privadas. E menores de 18 anos agora têm suas contas definidas como privadas automaticamente ao se cadastrarem no Instagram.
Além do Instagram, o TikTok também entrou no radar de regulares e de entidades de proteção a crianças por questões como privacidade e pelos desafios que já causaram mortes.
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